O Hip Hop nunca deixa de surpreender aquando do surgimento do próximo MC talentoso. O género musical tornou-se tão universal que o próximo Biggie pode estar neste mesmo momento a cantar mesmo aqui ao lado
Mas o que é o Hip Hop verdadeiro? É a musica que mete todos a dançar na discoteca? É a canção que metes a tocar enquanto passeias o teu carro pela marginal? É a questão que Marcos Martins, a.k.a Puto Ems, se propõe a responder, nas suas palavras, o Rapper natural da Praia da Vitória conta-nos a história do quando, do como e do aonde…
João: Quem é o Marcos Martins? Conta-nos um pouco da tua história e de como nasceu o teu alter-ego o Puto Ems.
Marcos: Marcos Martins é uma pessoa praticamente igual a todas as outras, com orgulho de ser terceirense e açoriano. O alter ego do “Puto” foi iniciado basicamente devido a vertente musical, pois em Lisboa, a estudar, quando iniciei tudo isto, era suposto chamar-me “MC Ems” mas…. Como não soava assim tão bem, após alguma reflexão e do facto de estar a morar sozinho numa grande cidade, notei que ainda era um “puto” na vida e a sociedade, por isso Juntei o Puto ao Ems, que é o juntar dos meus três nomes, Marcos Meneses Martins (3 m’s).
João: Como começaste na cena Hip Hop?
Marcos : Já lá vão uns belos anos (risos). Comecei em 1994 a ouvir dois álbuns, um deles, o dos Black Company e o outro, um Clássico, do Notorious B.I.G. “Ready To Die”. Após isso, em ’99 sensivelmente, ouvi o álbum dos Da Weasel, “Iniciação à Vida Banal” e aí, iniciei a escrita, após isso, como já referi, fui para Lisboa em 2000 e aí comecei a fazer canções muito rudimentares em casa.
João: Quando é que decidiste que querias te tornar pro? O que te inspirou? Não deve ter sido uma decisão fácil, especialmente tendo em conta o trabalho que tal decisão envolve e a crise actual da industria discográfica.
Marcos: Nunca pensei em tornar “pro”, nem penso. Sempre quis, após notar que talvez poderia expor as minhas canções, apenas lançar as mesmas pelos amigos; Tendo algum feedback positivo, comecei a lançar no Messenger (msn) e assim sucessivamente até o lançamento deste álbum, que, ate à data é do mais “pró” que fiz. Claro que a crise discográfica não ajuda, contudo nunca esperei grandes coisas da mesma (risos).
João: É difícil entrar no “negócio” da música como Rapper? A maioria dos grupos/músicos locais estão na onda do Rock, Metal e Pop, não vemos muitos artistas ligados ao Hip Hop.
Marcos: Talvez seja mais difícil pelo preconceito, falando daqui da região. Ainda há muitas pessoas que pensam que ser rapper é ser afro-americano, americano e usar cordões de diamantes. Contudo, acho que o preconceito é o mesmo se virmos que também pensam que ser Metal é usar preto, o que não é. Na ilha é sempre mais difícil, qualquer que seja a vertente caso essa não seja House.
João: Que tipo de mensagem queres transmitir aos fãs com a tua música?
Marcos: Nenhuma (risos), apenas transpor a ilha pra a vertente musical do hip-hop, dar um pouco de mim a cada música e ficar bem feliz se “toco” o coração de alguém. Acho que o “meu hip-hop”, é como um quadro, transmito a minha vida e espero que cada um a veja como quer.
João: Sei que tens um projecto musical a ser lançado este fim de semana, dia 3. Conta-nos um pouco sobre o Álbum e sobre o seu lançamento.
Marcos: Chama-se “Eu, Eles e os Outros”, e como já referi, o primeiro projecto literalmente com pés e cabeça após 9 anos. Será no melhor bar da ilha, ou seja BLUES Sound Bar (Edifício Beira Mar – Praia da Vitória) e vai começar às 20h00, para além disso tudo, terá a estreia do videoclip “Obsessão”, totalmente em HD e que será o primeiro videoclip oficial de hip-hop na ilha terceira pelo menos. O álbum estará a venda por uma quantia de 5 euros a qualquer pessoa que por lá passe e o queira comprar.
João: Onde poderão os teus fãs ouvir a tua música e comprar o teu CD?
Marcos: A musica estará 24h por dia no site www.putoems.blogspot.com, onde alguns sons do álbum estarão a rodar na playlist, quanto a venda do álbum, por motivos de direitos de autor não o posso vender em lojas, contudo, basta contactarem-me pelo telemóvel ou e-mail (tudo no site) e eu faço entrega ao domicilio (risos).
João: Existe alguém a quem queres agradecer pelo apoio à realização do teu sonho musical ao longo dos anos?
Marcos: Antes de mais, aos dois pólos da minha vida que infelizmente estão em diferentes etapas da vida, minha mãe e pai. Depois a todos meus amigos de longa data, começando obviamente por ti João, pois já lá vão uns belos anos, à Madail, senão ainda levo pra trás quando me vir (risos), Bruno Azera, pela ajuda na festa, ao Jason Ross, Ruben Tavares, Carla Meneses, Tânia Silva, Neuza Gomes, minha família, etc etc etc
João: Palavras finais antes de dar-mos esta entrevista por terminada?
Marcos: Comprem o álbum eheheh, mas agora a sério, aproveitem a vida, façam dela vosso sonho, pois se não fizerem, ninguém fará por vocês.
João Cunha